Muito se fala sobre a importância do sono. Mas afinal, o que é verdade ou mentira sobre esse tema? Confira alguns mitos e verdades sobre o sono com o Dr. Francisco Hora Fontes, coordenador do Laboratório do Sono do Hospital Português
O SONO É FUNDAMENTAL À VIDA, resistiremos a mais tempo sem comer e sem beber água do que sem dormir. O SONO tem funções indispensáveis: Reenergizador físico e mental, regulador da temperatura corporal, regulador das funções cognitivas, produtor de imunidade, responsável pelo crescimento, protetor contra o infarto e derrame cerebral, além de uma dezena de outras funções não menos importantes.
Confira os mitos e verdades:
Todos devem dormir oito horas diárias.
Mito. A
duração do sono varia ao longo da vida, desde o bebê que dorme mais de
50% das 24 horas até o idoso, que dormirá em torno de 10% deste mesmo
período.
Portanto, ao longo da vida perdemos sono em
quantidade e em qualidade. Assim, por exemplo, o sono do bebê tem mais
de 50% do seu percurso em sono REM (sono de alta qualidade emocional e
cognitiva) e no idoso isto cai para até menos de 10%. Algumas pessoas
fogem a essa média: os dormidores curtos, que precisam de 4-5 horas para
dormir e os dormidores longos que costumam dormir mais de oito horas
por dia, por questões hereditárias mesmo. Além disso, a fauna humana
costuma se dividir entre os corujas (aquelas pessoas que têm maior
disposição à noite) e o contrário - os madrugadores (dormem cedo e
“acordam antes do galo cantar”).
É possível compensar as poucas horas de sono durante a semana dormindo mais no fim de semana.
Verdade Parcial. Quanto
mais jovem, mais teremos essa capacidade de recuperação. Depois dos 40
anos, essa capacidade de recuperação cai muito levando à privação
crônica de sono.
Quando sonhamos dormimos melhor.
Verdade. O
sonho é a “fonte da eterna juventude”, pois, quem dorme bem, atinge
mais o sono REM (o sono dos sonhos) melhora a sua afetividade, memória,
inteligência e desempenha melhor as suas tarefas no dia seguinte.
Praticar exercícios físicos ajuda a dormir melhor.
Verdade. Sim, mas na hora certa. O ideal é
que essa prática seja aeróbica e ocorra nas primeiras horas da manhã
(seis-oito horas) seguindo o nosso ritmo hormonal próprio (cortisol,
melatonina, endorfinas etc.) . A prática de atividades físicas próxima à
hora de dormir (intervalo inferior a duas horas) é prejudicial ao sono.
A insônia aumenta o risco de diversas doenças.
Verdade. A
insônia diminui a imunidade do organismo, favorecendo o surgimento de
gripes frequentes, candidíase, herpes etc. e promove alterações
cardiovasculares e metabólicas que predispõem a hipertensão, diabetes,
infarto do miocárdio e derrame cerebral. Além disso, contribui para o
agravamento da depressão e doenças psiquiátricas mais sérias.
Um copo de leite quente, antes de deitar, ajuda a dormir melhor.
Verdade. Na
medida em que promove o aquecimento da bolha de ar gástrica no estômago
levando a uma sensação de plenitude que pode favorecer o sono, assim
chamado, pós-prandial.
O consumo de café pode provocar insônia.
Verdade. A cafeína é um poderoso estimulante, assim como as suas primas, cocaína e nicotina e, portanto, “roubam” o sono das pessoas.
Dormir pouco engorda.
Verdade. Os
hormônios que regulam o apetite em nosso organismo, principalmente a
grelina e a leptina são “controlados” durante o sono normal. Assim,
quem dorme mal terá menos leptina (que tira a fome) e mais grelina
(que aumenta a fome) e o resultado desta conta será mais
“engordamento”.
Além do fato de que
dormir mal aumenta a chance de comer durante a noite e gera um quadro
crônico de sono não reparador tornando a pessoa sempre cansada e
desmotivada à prática de atividade física.
Álcool ajuda a dormir.
Parcialmente verdade. Em
circunstâncias esporádicas, num contexto social de relaxamento e em
pequenas doses, sim. Mas o uso continuado leva a dependência e isto
compromete a qualidade do sono, principalmente do sono REM, além das
outras situações como refluxo gastroesofágico, por exemplo.
Dormir de barriga para cima faz roncar.
Verdade. Esta é a posição que mais favorece o fechamento da via aérea superior (região da garganta) levando às apneias e aos roncos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário